Morcego-de-ferradura. Foto: Francisco Álvares

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Investigadores em trabalho de campo recolhem novos dados sobre os morcegos

(SETEMBRO/2020) Os investigadores ligados aos morcegos vão estar em trabalho de campo até ao final de Outubro, de norte a sul do país, para recolher informação sobre estas espécies no âmbito do projeto de revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental.

Na região Norte estão cientistas do Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. No Centro, os trabalhos estão entregues a investigadores do CIBIO-InBIO, da Universidade do Porto, e também da Universidade de Évora. Estes últimos estão também a recolher novos dados na região Sul.

As equipas, que começaram este trabalho mais tarde do que estava previsto devido à pandemia de COVID-19, estão a recolher dados de duas formas. Em primeiro lugar, instalaram estações automáticas de gravação de ultrassons com recurso a detetores AudioMoth, para fazerem a deteção acústica de morcegos e identificar essas espécies, pois cada uma emite sons diferentes. 

Outro método é a captura de morcegos através de redes de neblina, fabricadas com nylon. Nos indivíduos capturados, recolhem-se amostras genéticas e biológicas.

O objetivo destes cientistas é recolher mais informação sobre as áreas de distribuição das espécies de morcegos que ocorrem em Portugal Continental, de modo a colmatar as atuais lacunas de conhecimento e permitir avaliar o seu estatuto de ameaça e estado de conservação. 

Mais concretamente, pretendem rever a lista taxonómica de referência dos morcegos para Portugal Continental e também atualizar a informação sobre a distribuição geográfica, habitats de ocorrência, estimativa populacional e as pressões que recaem sobre as espécies de morcegos, e os seus e abrigos. 

“O desconhecimento generalizado destes mamíferos, a dificuldade da sua monitorização e identificação, a complexidade de abrigos e habitats onde ocorrem é sem dúvida o mais desafiante no seu estudo”, nota o investigador Paulo Barros, ligado à UTAD. “Consequentemente o estatuto de ameaça desfavorável de muitas espécies de morcegos também é um repto para o seu estudo.”

Trabalho de campo com morcegos. Foto: Paulo Barros

Os trabalhos são coordenados pelo investigador João Cabral, também da UTAD, e  incidem prioritariamente sobre espécies em três situações. Um grupo é o caso das nove espécies que o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005) classificou com Informação Insuficiente. Exemplos? Morcego-lanudo (Myotis emarginatus), morcego-de-bigodes (Myotis mystacinus),  morcego de Savi (Hypsugo savii) e morcego-rabudo (Tadarida teniotis).

Outras espécies alvo são aquelas que têm estado de conservação desconhecido, identificadas no último relatório para o Artº 17º da Diretiva Habitats (2013-2018), e outras que atualmente estão descritas e identificadas como ocorrentes no nosso território não foram consideradas naquele relatório e na última revisão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). São os casos, por exemplo, do morcego-hortelão-claro (Eptesicus isabellinus) e do morcego-de-bigodes de Alcathoe (Myotis alcathoe).

Beneficiário

Parceiro

Cofinanciamento

Cofinanciamento

Cofinanciamento

Cofinanciamento