Musaranho-anão-de-dentes-brancos. Foto: Karol Tabarelli de Fatis

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Identificadas novas localizações do musaranho-anão-de-dentes-brancos

(Novembro/2020) As amostragens dirigidas aos mamíferos de pequeno porte no sul do país já conseguiram confirmar a presença de várias espécies, em quadrículas UTM 10x10km, onde a sua ocorrência era até hoje desconhecida. 

É o caso do mais pequeno mamífero da fauna europeia, o musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus). Esta espécie mede apenas 41 mm (cabeça e corpo) e pesa cerca de 2 gramas, sendo por isso bastante elusiva e difícil de capturar.

Crânio e mandíbulas de musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus) identificado em regurgitações de coruja-das-torres recolhidas junto à localidade de Esperança (ZEC de S. Mamede), incluída numa quadrícula onde a presença da espécie era já conhecida. Foto: Giulia Spadoni, 12/08/2020

Através da análise de regurgitações de coruja-das-torres recolhidas maioritariamente em casas abandonadas, confirmou-se a ocorrência do musaranho-anão-de-dentes-brancos em pelo menos 6 novas quadrículas, que incluem 5 Zonas Especiais de Conservação (ZEC de S. Mamede, Cabrela, Moura/Barrancos, Costa Sudoeste e Guadiana/Juromenha). 

Mapa da distribuição do musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus) no sul de Portugal, com indicação das novas quadrículas UTM 10x10km com presença confirmada da espécie nas ZEC de Cabrela (duas quadrículas), São Mamede, Moura/Barrancos, Costa Sudoeste e Guadiana/Juromelha (uma quadrícula em cada caso)

Entre estas destaca-se a ZEC de Cabrela, onde foi possível identificar, pelo menos, 10 indivíduos em regurgitações provenientes de dois poisos de coruja-das-torres, localizados em duas quadrículas contíguas. Nas restantes ZEC foi confirmada a ocorrência da espécie apenas numa nova quadrícula, em cada caso envolvendo a identificação de 1 a 4 indivíduos nas regurgitações recolhidas e analisadas.    

Casa abandonada na ZEC de Cabrela, onde foram recolhidas 59 regurgitações de coruja-das-torres, cuja análise permitiu identificar 7 indivíduos de musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus) e confirmar a presença da espécie numa nova quadrícula UTM 10×1 km. Foto: Denis Medinas, 29/11/2019

Apesar de o musaranho-anão-de-dentes-brancos ser considerada uma espécie relativamente abundante no sul da Europa, e de o seu estatuto de ameaça na última revisão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal ser “Não ameaçado” (NT), as novas localizações agora confirmadas no âmbito deste projecto são de grande importância, uma vez que certamente permitirão uma avaliação mais informada sobre o actual estatuto de ameaça da espécie em Portugal. 

Musaranho-anão-de-dentes-brancos. Foto: Karol Tabarelli de Fatis

Por outro lado, embora do ponto de vista da conservação o musaranho-anão-de-dentes-brancos não seja uma espécie prioritária no âmbito da Directiva Habitats, as novas localizações serão sem dúvida relevantes à luz dos objectivos de proteção de fauna selvagem inscritos na Convenção de Berna, na qual o musaranho-anão-de-dentes-brancos aparece listado no anexo III, implicando por isso a adopção de medidas legislativas e regulamentares adequadas e necessárias à sua proteção. 


Equipa dos pequenos mamíferos:

Ricardo Pita, António Mira,  Sara Santos, Denis Medinas, Nuno Pedroso, Rui Lourenço, Helena Sabino-Marques, Hélia Gonçalves, Luís Brás, Virgínia Duro, Beatriz Afonso

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