Meles meles_Texugo ©DBioUAveiro

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Espécies do Livro Vermelho: Curiosidades sobre o texugo

Uma toca típica de texugo (Meles meles) apresenta cerca de 3 a 10 entradas, com câmaras subterrâneas. As tocas principais são utilizadas para reprodução e podem ser passadas de geração em geração, existindo registos de tocas que permaneceram ocupadas durante centenas de anos.

Quanto medem?

O seu comprimento na península ibérica e 81.50 – 98.00 cm. A altura ao garrote é de 30cm.

Quanto pesam?

 O seu peso varia entre os 5.3 -10.40 kg.

O que comem?

Os texugos apresentam um regime omnívoro e oportunista. A espécie tende a evidenciar diferentes padrões tróficos dependendo da latitude a que se encontra. Em ambiente mediterrânico, a espécie tende a basear a sua dieta em frutos (ex. azeitonas Olea europaea, bolota Quercus suber, amoras Rubus ulmifolius, pêras Pyrus bourgaeana e figos Ficus carica) e artrópodes, já na Europa central os texugos apresentam como principal recurso alimentar as minhocas Lumbricus terrestris. Contudo,a espécie pode predar ocasionalmente mamíferos, aves, répteis e anfíbios. A espécie é usualmente considerada generalista, embora algumas referências apontem especializações sazonais.

Que animais é que os comem?

São poucos os predadores naturais do texugo, contudo, o lobo, a raposa e algumas aves de rapina encontram-se entre os animais que por vezes matam crias de texugo.

Onde vivem?

O texugo habita uma variedade de habitats, vive em bosques de folha caduca, misto e coníferas, paisagens agrosilvo-pastorais, bosques de mato mediterrânico e manchas de vegetação ripícola.

Quantos anos vivem?

Na natureza pode viver até cerca de 14 anos, enquanto em cativeiro pode chegar aos 20 anos.

Quantas ninhadas têm por ano e com quantas crias?

1 ninhada com 2 ou 3 crias.

Quanto tempo dura a gestação?

O período de gestação dura cerca de 7 semanas e o nascimento das crias dá-se na primavera devido à maior disponibilidade de alimento e às condições climatéricas mais favoráveis desta época.

Estratégias de caça?

Forrageiam solitariamente e agarram a sua presa usando os incisivos e cortando-a em pedaços, quando se trata de minhocas (a sua presa predileta no Reino Unido), de resto a sua alimentação é baseada em frutos, bagas, raízes, fungos e artrópodes.

Onde se podem encontrar em Portugal?

Na península ibérica a espécie parece estar distribuída pela maior parte da região. O texugo está ausente dos Açores, Baleares, Canárias e Madeira.  Em Portugal, não existem censos da espécie, contudo as referências existentes baseadas em dados recolhidos de uma forma não sistemática apontam para uma distribuição comum em todo território nacional.

O que fascina/surpreende nesta espécie:

A sua capacidade extraordinária de escavar e a sua sociabilidade. As crias de texugos tendem a ficar no seu grupo natal constituindo grupos familiares que podem atingir 35 indivíduos nas Ilhas Britânicas, embora em média os grupos sejam constituídos por 5 indivíduos. 

Uma toca típica de texugo apresenta cerca de 3 a 10 entradas, com câmaras subterrâneas, por vezes forradas (ex. fetos e palha) e conectadas por um complexo sistema de túneis. Podem ainda existir tocas periféricas de menor dimensão usadas como refúgios temporários.

As tocas principais são utilizadas para reprodução e podem ser passadas de geração em geração, existindo registos de tocas que permaneceram ocupadas durante centenas de anos.

No sul de Espanha, os texugos movem-se permanentemente entre diferentes tocas e os nascimentos podem ocorrer em diferentes texugueiras. E em zonas de alta densidade populacional as tocas principais podem ter uma grande complexidade, chegando a ter 180 entradas e mais de 50 câmaras.

Qual o seu papel na manutenção de ecossistemas saudáveis?

Devido ao facto de se alimentarem primariamente de invertebrados ajudam a controlar populações de insetos que podem ser considerados pestes; A inclusão de grandes quantidades de fruta na sua dieta faz com que tenham também um papel muito importante como dispersores de sementes.

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Autora: Ana Almeida

Ana Almeida é bolseira do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro no âmbito do projecto de revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos, e Mestre em Biologia da Conservação pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Tem desenvolvido investigação na ecologia e conservação de carnívoros

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