Rato-de-campo-lusitano (Microtus rozianus). Foto: Joana Paupério

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Espécies do Livro Vermelho: Curiosidades sobre o rato-do-campo-lusitano

O rato-do-campo-lusitano (Microtus rozianus) foi apenas muito recentemente descrito como uma espécie distinta, depois de estudos moleculares.

Quanto medem e pesam

Esta espécie tem um comprimento de cabeça mais corpo que varia entre 85 e 120 milímetros. O comprimento da cauda está entre 28 e 46 milímetros. Já o peso pode ir de 21 a 52 gramas.

O que comem

Os ratos-do-campo-lusitanos são herbívoro. Alimentam-se sobretudo de caules, rebentos e folhas tenras de herbáceas, sobretudo das famílias das gramíneas e juncáceas.

… e que animais é que os comem

Os seus predadores incluem várias espécies, sobretudo de pequeno ou médio porte, nomeadamente serpentes, aves de rapina e mamíferos carnívoros.

Onde vivem

Esta espécie ocorre normalmente em zonas húmidas de pastagens e prados, ou nas margens de rios. Prefere áreas com densa cobertura herbácea e pouca pressão de pastoreio. Pode também ocorrer em zonas florestais com densa cobertura herbácea.

Quantos anos vivem

Não há informação disponível para este mamífero. Mas de acordo com informação recolhida numa espécie próxima – rato-de-campo-de-cauda-curta (Microtus agrestis) – poderá ser de cerca de um ano e meio.

Quantas ninhadas têm por ano e com quantas crias

Não existem dados para esta espécie, mas a informação disponível para as espécies próximas sugere que poderá ter várias ninhadas por ano. 

Onde se podem encontrar em Portugal

O rato-de-campo-lusitano ocorre no Norte e Centro-norte de Portugal, tendo como limite sul de distribuição a Serra da Estrela e a zona de Alcobaça. Encontra-se sobretudo em regiões com clima Atlântico.

O que nos fascina e surpreende nesta espécie

O rato-do-campo-lusitano foi apenas muito recentemente descrito como uma espécie distinta. Este rato foi durante muito tempo considerado como pertencente a uma espécie que ocorre por toda a Europa (desde a Sibéria até ao Sul da Europa) – o rato-de-campo-de-cauda-curta (Microtus agrestis) – dado que as populações destas espécies são morfologicamente similares. No entanto, estudos moleculares revelaram que as populações portuguesas e da Galiza são geneticamente muito diferentes, tendo sido agora consideradas como uma espécie distinta. A história evolutiva deste complexo de espécies que inclui o rato-de-campo-lusitano é algo que me prende a atenção, pois todas as evidências indicam que se tratou de uma diferenciação rápida ao nível genético, mas que não foi acompanhada de uma diferenciação morfológica, o que atrasou o seu reconhecimento como espécie diferente.

Por outro lado, estamos perante uma espécie endémica da Península Ibérica, com uma distribuição muito limitada, e cujos dados recolhidos até à data indicam que provavelmente terá uma abundância reduzida. Estas populações portuguesas não foram consideradas até agora de interesse para a conservação, pois fariam parte de uma espécie com distribuição alargada na Europa, mas neste momento torna-se importante a avaliação atual do seu estado de conservação (em curso neste projeto).

Qual o seu papel na manutenção de ecossistemas saudáveis

Esta espécie, como pequeno mamífero, tem uma posição muito relevante nas cadeias alimentares. Os pequenos mamíferos são presa importante de várias espécies de aves de rapina e mamíferos carnívoros, incluindo várias espécies protegidas, e para além disso, alimentam-se de uma diversidade de plantas, podendo contribuir para a dispersão de sementes. Por outro lado, estes animais podem também ser considerados engenheiros dos ecossistemas, dado o seu papel no arejamento e permeabilização dos solos.


Autoria: Joana Paupério

Joana Paupério é membro da equipa do projecto do Livro Vermelho dos Mamiferos​. É investigadora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/InBIO) da Universidade do Porto nos domínios da genética da conservação e biologia evolutiva, com particular interesse no grupos dos pequenos mamíferos

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