Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri). Foto: Paulo Barros

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Espécies do Livro Vermelho: Curiosidades sobre o morcego-arborícola-pequeno

Existe pouca informação sobre o morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri) em Portugal, mas os cientistas acreditam que a espécie tem uma distribuição ampla e fragmentada.

Principais características físicas

O morcego-arborícola-pequeno é um morcego de tamanho médio, robusto, com cabeça grande e aplanada e orelhas largas, curtas e arredondadas. O trago – uma pequena saliência no ouvido externo – é em forma de rim, tal como nas restantes espécie do género Nyctalus. O focinho é curto e largo, e quando abre a boca, é possível observar duas grandes glândulas brancas (parótidas) na parte interna da bochecha.

Este morcego tem os olhos muito visíveis, redondos e negros. Tem pelo curto, denso, brilhante e bicolor, de coloração castanho-avermelhado-dourado na zona dorsal e mais clara na região ventral. As áreas desprovidas de pelo são pretas ou castanhas, as asas são muito longas com pelos castanhos na parte inferior. Por norma as fêmeas são maiores do que os machos.

Espécies de morcego similares 

A forma do trago é única no seu género, o género Nyctalus. Dentro deste grupo, o tamanho do antebraço é uma característica que permite distinguir perfeitamente as diferentes espécies: além do morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri), o morcego-arborícola-gigante (Nyctalus lasiopterus) e o morcego-arborícola-grande (Nyctalus noctula).

Dimensões

Tem um comprimento de antebraço (FA) que varia entre 39 e 47 milímetros e tem um peso entre 12 a 25 gramas. Pode atingir os 35 centímetros de envergadura.

Como se caracteriza a sua ecolocalização

É uma espécie muito ruidosa e os seus chamamentos de carácter social podem ser perfeitamente audíveis ao ouvido humano, principalmente na época do cio, quando emitem chamamentos com um Frequência Máxima de Energia (FMaxE) entre 11 e 18 kHz para atrair as fêmeas. Este tipo de chamamentos são emitidos pelos machos. Os pulsos típicos de ecolocalização são caracterizados por ter uma frequência máxima entre os 23-27 kHz, com pulsos longos > 10 ms e um intervalo entre pulsos também longo, > 180 ms.

Distribuição e habitat deste mamífero

Trata-se de uma espécie com pouca informação em Portugal. Contudo, aparentemente trata-se de uma espécie com uma distribuição ampla, mas fragmentada. 

Quanto ao habitat, embora esteja descrita como sendo uma espécie eminentemente florestal, aparentemente poderá ser mais plástica. Embora esta espécie prefira utilizar áreas de bosques maduros, pode ocorrer numa variedade mais ampla de habitats, desde zonas montanhosas a zonas periurbanas. Refugia-se principalmente em buracos e fissuras de árvores velhas, podendo utilizar também caixas-abrigo.

Reprodução

O desenvolvimento embrionário destes morcegos dura entre 70 e 73 dias. Os partos, que podem ser gémeos – em 75% dos partos nasce uma cria; em 25% duas crias – produzem-se entre o início de Junho e meados de Julho. Já o cio começa no final de Agosto e prolonga-se pelo mês de Setembro. Nesta época, os machos assumem um comportamento muito territorial, defendendo o seu território ao mesmo tempo que atraem as fêmeas com a emissão de chamamentos sociais potentes.

Alimentação

É um típico caçador aéreo, que persegue e captura as suas presas em voo por cima das copas das árvores, podendo atingir a velocidade de 56km/h. A sua dieta é constituída principalmente por dípteros (moscas), coleópteros (besouros), tricópteros (um grupo de insetos aquáticos) e lepidópteros (borboletas e mariposas).

Mobilidade

Os morcegos-arborícolas-pequenos são parcialmente migradores. A distância máxima conhecida desta espécie é de 1.567 quilómetros: um indivíduo anilhado foi capturado na Alemanha e em Espanha no mesmo ano.


Autoria: Paulo Barros

Paulo Barros é é membro da equipa do projeto do Livro Vermelho dos Mamiferos. É membro da equipa do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) e Investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) nos domínios da ecologia e conservação da fauna em geral, com particular interesse no grupo dos quirópteros.

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