Boto. Foto: Shutterstock

A trabalhar para saber como estão os nossos mamíferos

Espécies do Livro Vermelho: Curiosidades sobre o boto

O boto (Phocoena phocoena) distribui‐se em Portugal ao longo de toda a orla costeira embora seja mais frequente na zona Norte/Centro, nomeadamente na zona entre o Rio Minho e a Nazaré.

Quanto medem

Estes são os mamíferos mais pequenos da família dos cetáceos. As fêmeas desta espécie têm dimensões maiores do que os machos, podendo atingir 1,60 metros de comprimento total, enquanto os machos não ultrapassam normalmente os 1,45 metros. Em Portugal, estes indivíduos variam entre 1,40 e 1,90 metros de comprimento, podendo por vezes ultrapassar os dois metros.

E o que comem

A dieta dos botos é constituída principalmente por peixes e em menor quantidade por cefalópodes. Alimentam-se de espécies demersais, embora também estejam presentes na dieta espécies pelágicas e mesoplagicas. Em Portugal, alimentam-se de tainhas, faneca, peixe-lira, biqueirão, pescada e linguados.

Onde vivem

Os botos habitam principalmente zonas costeiras na plataforma continental com profundidade inferior a 200 metros, baías ou estuários.

Quantos anos vivem

Apesar de terem sido encontrados alguns casos de indivíduos com cerca de 20 anos, a longevidade média desta espécie varia entre os oito e os dez anos.

Quantas ninhadas têm por ano e com quantas crias

Os cetáceos têm apenas uma cria por gestação. À exceção da população do Pacífico cujo tempo entre gestações é de cerca de dois anos, esta espécie reproduz-se anualmente, passando grande parte da sua vida entre as fases de gestação e de amamentação. Isto significa que as fêmeas desta espécie poderão estar simultaneamente grávidas e ainda a amamentar os juvenis da reprodução anterior.

Quanto tempo dura cada gestação

A época de reprodução do boto ocorre essencialmente entre a primavera e o verão, nomeadamente entre os meses de maio e agosto. Já o período de gestação é de cerca de 10 a 11 meses, seguido de um período de amamentação de 8 a 12 meses.

Onde se podem encontrar em Portugal

O boto ocorre em águas temperadas e subpolares, no Pacífico Norte e no Atlântico Norte e também no Mar Negro. As populações de cada um destes locais são reprodutivamente isoladas, dando origem às três subespécies conhecidas: no Atlântico, Phocoena phocoena phocoena (Abel, 1905), no Pacífico, Phocoena phocoena vomerina (Gill, 1865) e no Mar Negro, Phocoena phocoena relicta (Abel, 1905). Estudos recentes de genética mostraram que a população que ocorre na Península Ibérica e Norte de África se encontra isolada das restantes populações europeias, representando um ecotipo que poderá vir a ser proposto como uma nova subespécie, Phocoena phocoena meridionalis.

Em Portugal, o boto distribui‐se ao longo de toda a orla costeira embora seja mais frequente na zona Norte/Centro, nomeadamente na zona entre o Rio Minho e a Nazaré. A espécie ocorre também, embora com abundâncias reduzidas, ao longo da Costa Vicentina, da Costa de Setúbal e no Algarve.

Principais ameaças à sobrevivência

As maiores ameaças para esta espécie são a captura acidental em artes de pesca. A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, e redes fundeadas (emalhar de um pano e tresmalho) são as principais artes de pesca que afetam esta espécie em Portugal, além da xávega durante os períodos em que esta arte opera.

Qual o seu papel na manutenção de ecossistemas saudáveis

Os cetáceos tratam-se de predadores de topo, o que lhes confere um papel importante nos ecossistemas marinhos, nomeadamente nas relações tróficas, uma vez que a sua interação com as suas presas afeta a estrutura e dinâmica destes mesmos ecossistemas. 

Que comportamento apresentam

Ao contrário dos delfinídeos, os botos são animais tímidos, sendo, por vezes, difíceis de avistar. De facto, quando emergem para respirar, normalmente só é possível reconhecer a sua pequena barbatana dorsal e um pouco do corpo arqueado, uma vez que não emergem muito acima da linha de água e raramente executam grandes saltos.

São normalmente encontrados sozinhos, sendo bastante comum observar pares mãe-cria ou pequenos grupos até cinco indivíduos. Porém, já foram registados avistamentos de grupos com um número de indivíduos muito superior, em casos de migração e alimentação.


Autoria: Marisa Ferreira

Marisa Ferreira é membro da equipa do projeto do Livro Vermelho dos Mamiferos. É membro da Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem, co-coordenadora da Rede Regional (Norte) de Arrojamentos e do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos, com particular interesse em mamíferos marinhos e na sua interação com atividades humanas.

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